Ontem assisti o documentário Mc Daleste: Mataram o pobre louco que está disponível no catálogo do Globoplay. O documentário explora o caso do assassinato do MC que foi baleado em cima do palco na cidade de Campinas há quase 11 anos. Pra quem gosta de documentário investigativo, fica aqui a minha indicação…
Porém, eu não vim falar do documentário ou do caso em si, porque prefiro falar mil vezes da influência direta que o Daleste teve na minha vida quando eu tinha meus 13/14 anos de idade…
Nunca gostei de tocar muito nesse assunto depois que a tragédia aconteceu… é um assunto que me entristece até hoje.
Acho que o Daleste foi o primeiro artista que eu gostei de verdade! Acompanhava todos os lançamentos, seguia o perfil dele no twitter - e tentava uma interação mínima com ele - Sabia (e sei ) até hoje quase todas as suas músicas de Cor!
Eram outros tempos mano… tempos mais simples em que a gente ficava escutando as músicas dentro da sala de aula, e o funk começava a entrar em ascenção… não era do tamanho que é hoje. E se o movimento ainda sofre preconceito, e infelizmente ainda é criminalizado por parte da elite branca e da grande mídia com o tamanho que tem, imagina como era isso há 10 anos atrás… como é que cês falavam mesmo? “Música de vagabundo, bandido e marginal” né?? Eu me lembro muito bem…
Lembro também que toda semana entrava no [MundoDoFunk.com pra ver se tinha algum lançamento novo do Daleste e me manter antenado das novidades… meu notebook era lotado de funk! Quase esgotou todo o armazenamento e o meu pai só descobriu o motivo anos depois…
O que mais me chamava atenção no Daleste era a voz melódica que ele tinha… sempre muito à frente do seu tempo, tanto nas letras quanto na forma de se comunicar com a sua fan base. Era tudo muito orgânico, genuíno, espontâneo e feito de coração… ele já puxava as Hashitags em seus lançamentos muito antes disso virar uma estratégia de marketing na indústria. Fazia Lives pela twitcam pra bater papo com os “Autênticos e autênticas” mandava rima na hora e etc…
O sucesso do Daniel não aconteceu à toa… ele era um mano carismático, chamava atenção de todos a sua volta e sempre mantinha os pés no chão.
Ele veio de baixo. A sua família passou muita dificuldade quando o Daleste era só uma criança, e muitas vezes passavam fome e sequer tinham um banheiro pra fazer as suas necessidades básicas! Como ele mesmo relata na música “Minha história”.
Ele perdeu a sua mãe muito cedo, passou por várias merdas na vida, mas nunca deixou de sorrir e ajudar as pessoas que amava e a comunidade em que nasceu, cresceu e viveu… tá aí o vídeo dele entregando ovos de páscoa para as crianças que não me deixa mentir:
Volto no tempo relembrando a icônica entrevista para o FunkTv visita, onde teve a oportunidade de contar mais da sua trajetória no início de 2013. (Assisti aquela entrevista umas 5 vezes ou mais só naquele ano)
Escutar as músicas do Daleste foi como uma “Terapia” no início da minha adolescência… foi uma rota de fuga que ajudou a anestesiar um pouco a dor imensurável que enfrentei no início daquele ano fatídico.
Fiquei muito feliz quando a Glória Groove lançou “Vermelho” e o refrão simplesmente era o mesmo de “Quem é”
A glória levou a música do Daleste para o Brasil inteiro… e mesmo que muitos não saibam da música original, essa é uma forma que a arte do Daniel teve para se eternizar.
O “Monstros dos monstros” partiu cedo demais… com tanto pra viver e um mundo inteiro para conquistar…
Na minha sincera e humilde opinião, o funk Paulista não teria o mesmo tamanho e alcance gigantesco se o Daleste não tivesse passado por essa terra e deixado sua marca, sua história e um imenso legado que impactou e ainda impacta milhares de jovens pelas periferias de SP.
O “Pobre louco” que saiu da Penha conseguiu se tornar um jovem que venceu na vida… e Mesmo depois de quase 11 anos depois de sua partida…
A SUA VOZ AINDA ROLA PELO AR!
E é como ele mesmo dizia:
“Quem gosta, gosta. Quem não gosta, não conhece!
O resto é moda, porque Foda é o Yoshi e o Daleste!
Quero muito assistir esse doc. Vou me organizar para o final de semana.
Conheci o funk paulista há pouco tempo e tenho curtido e aprendido muita coisa.
Concordo que “Quem gosta, gosta. Quem não gosta, não conhece!"
Texto bom demais. Obrigada!
Beijos.