A sinfonia do nosso vinil

O dia que perdi o retrato de "Iracema"...

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Será que há um distanciamento entre nós? Sim, sempre soube que tínhamos pensamentos e personalidades divergentes. Mas, isso não impediu que um se aproximasse do outro… Enquanto eu escuto rap no fone de ouvido, ela gosta mais do mundo pop.

O engraçado é que, as músicas românticas do Jorge Ben nunca pararam de fazer parte da minha playlist. E foram nelas que me inspiro pra escrever boa partes das minhas poesias…

Posso parecer um pouco marrento e arrogante de inicio. me desculpe se passei uma impressão errada… nunca foi a minha intenção. é que, todas as minhas cartas estão guardadas num baú trancado a sete chaves, e, aquilo que você viu é só a superfície de um oceano muito mais profundo…

Às vezes, consigo ter a visão de um futuro utópico onde não sofro mais por amor. E tudo o que preciso fazer é compor a mais linda melodia pensando na minha musa inspiradora, assim como Djavan fez a carreira inteira… isso seria lindo, não é?

Infelizmente, não é assim que a realidade se faz presente, e atualmente, a banda do coração está tocando vários instrumentos desafinados ao mesmo tempo causando uma confusão na minha mente.

Me sinto incapaz de descobrir qual é o tom certo para salvar a nossa relação… logo eu, que sempre amei a música com toda a minha alma, prefiro ignora-la por um tempo para não me recordar de como era o gosto do seu beijo.

Sou alguém que transforma a alquimia em poesia em quase todas as horas do meu dia, mas ainda não descobri qual a fórmula de te apagar da minha mente para sempe…

Pois é, agora entendo perfeitamente o Soul e a melancolia quando Tim Maia cantava “Ela partiu”. E sinceramente, poderia fazer como ele e só afogar todas as minhas mágoas mas drogas e na bebida…

Porém, garrafas de whisky e uma carreira de cocaína não iria te trazer de volta para os meus braços, então descarto essa ideia infame imediatamente.

Maldita hora de pensei na gente… me fiz muito mais presente porque imaginei que desta vez, seria diferente… mas não foi!

E o que mais me dói é saber que estou ausente de mim mesmo! Voltando para o preto tipo Amy…

Não passamos de um vinil gasto e todo riscado. E a maldita sinfonia do nosso término ainda ecoa em meu cérebro… prefiro acreditar que o mundo é mesmo um moinho como dizia nosso saudoso mestre Cartola.

Realmente perdi o seu retrato…

Adeus, Iracema.

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